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Vertigem: algumas das pesrpetivas atuais

publicado em 11 Jul. 2019

A vertigem e o desequilíbrio são sintomas muito frequentes na população geral. A vertigem paroxística posicional benigna (VPPB) é a causa mais comum, sendo mais conhecida como a “doença dos cristais”. Seguem-se causas como:

 

  • Nevrite vestibular (inflamação do nervo responsável pelo equilíbrio) – vertigem intensa e súbita, que, geralmente, remete o doente para uma maca e é acompanhada por náuseas e vómitos;
  • Labirintite aguda – semelhante à nevrite vestibular, mas também com sintomas auditivos (zumbido, sensação de ouvido tapado, diminuição da audição);
  • Crises da doença/síndrome de Ménière – crises de vertigem que duram entre alguns minutos a um máximo de 24 horas, com sensação de ouvido tapado, zumbido e/ou perda de audição simultaneamente.

 

Convém não esquecer, ainda assim, que patologias como esclerose múltipla ou o AVC (acidente vascular cerebral) podem ser responsáveis por ataques de vertigem.

 

O tratamento de todas estas entidades é bem diverso, pelo que um exame otorrinolaringológico completo na consulta é fundamental, assim como a realização de exames complementares não invasivos, como a videonistagmografia. É importante salientar o papel sempre essencial dos exames de audição, como a audiometria e da impendancimetria. A beta-histina é, de longe, o fármaco mais utilizado, porque apresenta uma variedade de ações no organismo e tem poucos e raros efeitos laterais. Todavia, existe uma diversidade de tratamentos, desde as tradicionais manobras na VPPB/”cristais” até injeções intratimpânicas (dentro do ouvido, com anestesia local e, geralmente, muito bem toleradas), passando pelo controlo da glicemia nos casos de diabetes, que também tem influência na vertigem.

 

Relativamente à vertigem paroxística posicional benigna/”cristais”, a reincidência é significativa, mesmo após manobras terapêuticas eficazes, sobretudo, em doentes mais idosos. Tal facto acarreta menor qualidade de vida e um risco de queda aumentado. Cada vez mais tem sido discutido o papel da deficiência de vitamina D na recorrência da vertigem paroxística posicional benigna. Alguns estudos realizados nesse sentido têm evidenciado uma diminuição/desaparecimento dos episódios com a suplementação desta vitamina. A presença de cálcio no núcleo dos “cristais” e a correlação, em alguns estudos, entre vertigem paroxística posicional benigna recidivante e osteoporose são argumentos que sustentam esta hipótese.

 

Em conclusão, ainda muito permanece por saber e explorar no amplo campo que é a vertigem. Uma diferenciação cada vez mais rigorosa entre as causas possíveis e novas soluções terapêuticas para cada um poderão conduzir a uma melhoria crescente da qualidade de vida (equilíbrio, acuidade auditiva, capacidade nas atividades de vida diária) numa população de doentes extensa. Não obstante o carácter aparentemente benigno da maior parte dos casos, é importante nunca esquecer que a vertigem poderá ser um sinal de alarme para uma patologia mais ampla e sistémica.

 

A Otorrinolaringologia é, sem dúvida alguma, uma especialidade de charneira na avaliação deste frequente sintoma.